“Não é ira. É um diagnóstico. Sem nenhum tipo de destempero, posso dizer que ele não tem realmente condições de administrar o Brasil. Nem morais nem emocionais nem intelectuais.” A declaração é do músico Lobão, que, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, afirmou ver um Jair Bolsonaro (sem partido) incapaz de presidir o país.
Uma figuras mais controvertidas e provocadoras da área cultural, o cantor agora mostra-se um antibolsonarista radical. Mas faz ressalvas, uma vez que se afastou do PT anos atrás, lutou pelo impeachment de Dilma Rousseff e apoiou o atual chefe do Planalto nas eleições de 2018. Lobão, afinal, estaria arrependido?
“Não, não me arrependi. Não havia alternativa. Não poderia ficar mudo, porque fui um dos primeiros a ficar na oposição ao PT e a levar pedra do partido, em 2014, 2015. Então, depois de tanta luta, optei pelo Bolsonaro, porque achava uma imoralidade, uma obscenidade, o PT se eleger de novo após o impeachment da Dilma. Seria muito mais maligno do que entrar numa aventura com o Bolsonaro. Não houve desencanto. Meu tempo de tolerância é que foi muito mais curto (do que com o PT), porque os descalabros agora aconteceram numa intensidade e rapidez fora do comum”, diz o músico, que em seu novo livro, “Lobão: 60 anos a mil, conta por que se afastou de Bolsonaro.
Na obra, que deve chegar às livrarias em meados de março, ele chama o presidente de “demente” e “delirante”. Também dispara contra o autointitulado filósofo e escritor Olavo de Carvalho, considerado o guru de Bolsonaro. E diz não considerar que tais definições sejam injustas.
“Não acho exagero, porque ele é um cara paranoico. Tudo para ele é teoria da conspiração. São todos paranoicos: ele, o Olavo de Carvalho, o (Abraham) Weintraub (ministro da Educação). Todos têm o mesmo discurso, desconfiam de Deus e o mundo. Para eles, quem não é olavista é comunista. Então, acho o delírio uma coisa bastante evidente”, descreve Lobão.