Em uma entrevista concedida nesta terça-feira, 30 de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não vê nenhuma anormalidade no processo eleitoral da Venezuela, onde o presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela) foi reeleito. Apesar das acusações de fraude feitas pela oposição, Lula destacou que a Justiça deve ser a responsável por decidir sobre a validade do pleito.
“Não há nada de grave, nada de assustador. Vejo a imprensa brasileira tratando isso como se fosse a 3ª Guerra Mundial. Não tem nada de anormal. Houve uma eleição, alguém disse que obteve 51%, outro afirmou ter recebido 40 e poucos por cento. Se há discordância, leva-se à Justiça, que tomará a decisão”, declarou Lula durante entrevista à afiliada da TV Globo em Mato Grosso. O presidente ressaltou que está convencido de que o processo foi normal, mas enfatizou a necessidade de esperar os dados eleitorais completos para reconhecer oficialmente o resultado.
Lula explicou que é comum haver disputas eleitorais e que estas devem ser resolvidas apresentando a ata eleitoral. Se houver dúvidas entre a oposição e a situação, cabe à Justiça analisar o recurso apresentado. “Estou convencido de que é um processo normal, tranquilo”, afirmou. Ele também sublinhou que, uma vez confirmadas as atas e consagrado o resultado, todos devem reconhecer a vitória eleitoral na Venezuela.
O presidente mencionou ainda a proposta de uma nota conjunta entre Brasil, México e Colômbia sobre o tema, defendendo o fim da ingerência externa na Venezuela e a importância da transparência para o governo Maduro. “Quanto mais transparência houver, mais chance Maduro terá de governar a Venezuela com tranquilidade. Precisamos acabar com a ingerência externa nos países. A Venezuela tem o direito de desenvolver seu próprio modelo de crescimento e desenvolvimento sem bloqueios”, pontuou.
Na segunda-feira, 29 de julho, Celso Amorim, assessor especial para política externa do Palácio do Planalto, e o Itamaraty informaram que o Brasil aguardava a publicação oficial dos resultados das eleições pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral) venezuelano, prevista para até sexta-feira, 2 de agosto. Amorim ressaltou que o governo brasileiro está atento ao respeito à vontade popular venezuelana e avaliará os resultados com cautela antes de reconhecer a vitória de Maduro.
Contrariando a declaração de normalidade de Lula, o Itamaraty orientou a embaixadora brasileira a não participar do evento de proclamação do resultado da vitória de Maduro.