O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a necessidade de fortalecer a governança global, incluindo maior representatividade de países em espaços de diálogo internacional durante uma entrevista coletiva em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Lula defendeu o G20 como um bloco mais amplo de nações para abordar temas importantes como paz entre as nações, meio ambiente, economia, violência, discurso de ódio nas redes digitais e fortalecimento da democracia.
“Não quero criar movimento separado do G7. O G7 não depende do Brasil para existir”, declarou Lula, ressaltando a importância de espaços como o G20, criado em resposta à crise financeira de 2008. O presidente brasileiro também expressou o desejo de que o Brasil desempenhe um papel protagonista em questões globais, especialmente na área do clima, onde poucas nações possuem autoridade política e moral para discutir o assunto.
Lula destacou que sua recente visita à China resultou em acordos no valor de R$ 50 bilhões, enquanto nos Emirados Árabes foram negociados investimentos de R$ 12,5 bilhões por meio de um memorando de entendimento entre o estado da Bahia e o fundo financeiro de Abu Dhabi Mubadala Capital, controlador da refinaria de Mataripe, privatizada em 2021.
O presidente mencionou que, em maio, discutirá as principais obras no país com governadores brasileiros, buscando apresentá-las a outros países para atrair investimentos. Lula enfatizou a estabilidade jurídica, política e econômica do Brasil como um diferencial para investidores internacionais.
“Em maio, vamos discutir com governadores brasileiros as principais obras no país. E queremos apresentar essas obras a outros países para que empresários que quiserem investir no Brasil tenham opção certa de investimento. O Brasil é um país que tem estabilidade jurídica, estabilidade política e vai se transformar num país de estabilidade econômica. Somos um governo que tem credibilidade na sociedade e com outros países do mundo. Nós garantimos a estabilidade social no país e somos um governo de muita previsibilidade”, afirmou.
No âmbito das relações internacionais, ele defendeu a negociação da paz entre Rússia e Ucrânia com a participação de países neutros, visando construir um grupo de nações não envolvidas no conflito que possam dialogar com ambos os lados, bem como com os Estados Unidos e a União Europeia. O presidente expressou a intenção de envolver países da América Latina nessa mediação.
“A decisão da guerra foi tomada por dois países. E agora o que estamos tentando construir é um grupo de países que não tem envolvimento com a guerra, que não quer a guerra, que desejam construir paz no mundo, para conversarmos tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia. Mas também temos que ter em conta que é preciso conversar com os Estados Unidos e com a União Europeia”, disse.
Em relação à extradição de Thiago Brennand, empresário brasileiro acusado de agressão contra mulheres e posse ilegal de armas, o líder do governo confirmou a decisão dos Emirados Árabes Unidos de extraditá-lo, embora não tenha discutido oficialmente o assunto com o presidente do país, xeique Mohammed bin Zayed al-Nahyan. Lula afirmou que todos os agressores, como Brennand, merecem ser punidos e que sua extradição é uma questão de Justiça.