O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que está sendo “crucificado como culpado” pelo adiamento do julgamento, na última quinta (22), do pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para evitar ser preso.
Na sessão, a maioria dos ministros da Corte decidiu adiar para o próximo dia 4 de abril a decisão sobre o habeas corpus preventivo apresentado pela defesa do petista. Até lá, também por maioria de votos, os ministros proibiram eventual prisão do ex-presidente.
Nesta sexta, em palestra na Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), Marco Aurélio contou que teve de cancelar endereços de e-mail e trocar telefones porque passou a receber críticas, com cerca de mil mensagens por dia.
“Hoje estou sendo crucificado. Estou sendo crucificado como culpado pelo adiamento do julgamento do habeas corpus do presidente Lula, porque sou um cumpridor de compromissos. Honro os compromissos assumidos”, justificou o ministro.
Na sessão, Marco Aurélio comunicou à presidente da Corte que teria de se ausentar para embarcar às 19h40 rumo ao Rio de Janeiro, onde participaria, no dia seguinte, de um evento na Academia Brasileira de Direito do Trabalho.
Ricardo Lewandowski também disse que teria um compromisso e que planejara ficar no julgamento até o “horário regimental”.
Na palestra nesta sexta, Marco Aurélio também explicou que, para o plenário do STF funcionar, bastariam seis ministros presentes, e não todos os 11 integrantes da Corte.
Na sessão do STF, o ministro chegou a mostrar aos colegas o ticket do check-in para o voo no qual embarcaria para o Rio, ao votar pelo adiamento da decisão.
Para manter a sessão e continuar o julgamento votaram os ministros Edson Fachin, relator da ação, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Cármen Lúcia.
Além de Marco Aurélio, votaram para suspender o julgamento os ministros Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello.
Com a decisão de suspender o julgamento, o advogado José Roberto Batochio, que fez a defesa de Lula na tribuna, pediu uma decisão liminar (provisória) para impedir a prisão do ex-presidente até o final do julgamento.
Votaram contra a liminar, em favor de permitir eventual prisão de Lula, os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Cármen Lúcia.
Votaram em favor da liminar, contra eventual prisão de Lula, Rosa Weber, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello.