O ex-juiz federal e futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou nesta quinta-feira (13) que não teve prazer ao condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e disse lamentar que a decisão tenha partido dele, já que o petista “até fez coisas boas” em sua gestão.
“Nenhum juiz criminal tem prazer em prender ou condenar. No fundo, faz parte do trabalho”, afirmou em entrevista ao apresentador José Carlos Datena, durante o programa “Brasil Urgente”.
“Da minha parte, não tenho nada, pessoalmente, contra o ex-presidente”, disse. “Acho até lamentável que eu tenha sido o autor da decisão que condenou uma figura pública”, completou Moro, afirmando que o petista “até fez coisas boas” no tempo em que esteve à frente da Presidência da República.
Moro ainda disse que tratou o caso de forma “impessoal” e voltou a falar que, como “estratégia de álibi de defesa”, foi criada uma “fantasia de perseguição política” por parte do PT e seus aliados. Além de negar os crimes imputados a Lula, a defesa do ex-presidente argumenta que Moro foi parcial em sua sentença e na condução de outros casos da Operação Lava Jato que estavam sob comando do ex-juiz até ele pedir exoneração para aceitar o cargo de ministro.
“Se formos olhar, na Lava Jato tem agentes políticos do PP, do PTB, do PMDB”, disse Moro, destacando a prisão de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, a quem ele classificou de “inimigo político do PT”.
Segundo o ex-juiz federal, não há muitos membros de partidos de oposição ao PT investigados pela Lava Jato em Curitiba “porque eles não controlavam a Petrobras” durante os anos de governo do partido.
Lula foi condenado por Moro a 9 anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em julho de 2017, no caso do tríplex do Guarujá. A sentença foi confirmada em segunda instância em janeiro deste ano, pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), que aumentou a pena do ex-presidente para 12 anos e um mês. Encerrados os recursos de Lula no tribunal, Moro determinou a prisão do petista, que está na Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba desde o dia 7 de abril.