O braço direito do doleiro Alberto Youssef, Rafael Ângulo, afirmou em acordo de delação premiada firmado na Operação Lava Jato que, cada entrega de propina a políticos ligados ao Partido Progressista (PP), chegou a até R$ 200 mil. Ele afirmou ter levado dinheiro nas mãos do ex-deputado Mário Negromonte (PP-BA) duas vezes, em valores superiores a R$ 100 mil em cada oportunidade. Lembrou que em uma das vezes chegou a receber do então conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia uma "caixinha" de R$ 500.
Em matéria publicada neste sábado (18), o Portal G1, revela que o entregador de Youssef contou aos investigadores que, no começo de 2008, passou a participar de almoços com políticos em razão do papel que iria exercer: o repasse da propina. Segundo ele, a partir de então, começou a ver políticos no escritório do doleiro. Entre eles, estariam os ex-deputados do PP Pedro Corrêa, Mário Negromonte (atual conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia) e João Pizzolatti, além do hoje deputado federal Nelson Meurer (PP-PR). Os políticos negam envolvimento em esquema de corrupção.
Segundo as apurações em andamento sobre a Lava Jato, Mário Negromonte e João Pizzolatti Pizzolatti, também ex-deputado federal (PP-PR), comandavam a distribuição de propina entre os demais políticos do PP. Negromonte foi ministro das Cidades do governo Dilma e em 2014 foi nomeado pelo então governador Jaques Wagner, conselheiro do TCM da Bahia. Wagner é o atual ministro da Defesa do governo.
O acordo de delação de Rafael Ângulo foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e ainda está sob sigilo. Os depoimentos do delator ajudaram a Polícia Federal a cumprir, na última terça-feira (14), 53 mandados de busca e apreensão na casa de políticos. Ângulo citou na delação nomes de diversos políticos com foro privilegiado, entre eles o senador Fernando Collor de Mello, para quem relatou entrega em mãos de R$ 60 mil.