Uma iniciativa de combate às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) – como diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e doenças respiratórias crônicas – ganha forma no Ministério da Saúde. A pasta prepara o lançamento de uma coordenação específica para tratar deste assunto. A informação foi confirmada por Ethel Maciel, Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente.
Segundo Maciel, a iniciativa reconhece a necessidade urgente de dar atenção às DCNT, aos acidentes e à violência. “Estas são as principais causas de mortalidade no Brasil e exigem políticas públicas mais eficazes do que as que temos até agora”, disse a Secretária.
O anúncio da nova coordenação foi feito durante o lançamento do estudo Covitel – Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia. A pesquisa, realizada pela Universidade Federal de Pelotas e pela organização global de saúde pública Vital Strategies, revelou que mais da metade dos brasileiros (56,8%) está acima do peso ideal.
Além disso, o estudo também destacou o preocupante aumento na taxa de obesidade entre os jovens brasileiros. Comparando 2022 e 2023, o percentual de obesos na faixa etária de 18 a 24 anos praticamente dobrou, saltando de 9% para 17,1%. Os dados também apontam que 31,6% dos jovens receberam diagnóstico de ansiedade e 32,6% admitiram consumo abusivo de álcool. Além disso, este grupo consome menos frutas, verduras e legumes.
A criação desta nova coordenação do Ministério da Saúde é parte de uma estratégia para elaborar um plano de ação efetivo para os próximos dois anos. “É crucial utilizar esses dados alarmantes e traçar estratégias conjuntas”, destacou Maciel.
Socorro Gross, representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, também ressaltou a importância das parcerias na construção da saúde no continente. “O papel do Estado é proteger a população por meio de informações e evidências científicas. As decisões individuais sobre saúde também são influenciadas pelas regulações do país e suas legislações. A sociedade não se autorregula, cabe ao Estado a proteção dessa população”, afirmou Gross.
As DCNT são consideradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) as principais causas de óbitos globais. Essas doenças prejudicam a qualidade de vida, limitam as atividades de trabalho e lazer e causam impactos econômicos negativos. Entre os fatores de risco, estão aspectos não modificáveis como idade, sexo e herança genética, e aspectos comportamentais modificáveis como tabagismo, alimentação inadequada, inatividade física e consumo de álcool e outras drogas.