O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aguardando a continuação de seu julgamento pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) acerca de sua possível inelegibilidade, não poupou críticas e indiretas ao presidente da corte, Alexandre de Moraes, nesta quinta-feira (29). Em entrevista no Rio de Janeiro, Bolsonaro expressou sua esperança de que “Deus toque o coração” de Moraes.
“Quem sabe o Alexandre de Moraes tenha um momento de Deus tocar o coração dele? Até o momento não tocou em momento nenhum”, disse Bolsonaro ao ser questionado sobre suas expectativas para o julgamento. O ex-presidente ressaltou que “o jogo ainda não acabou” e que ainda tem esperanças de uma reviravolta no veredito.
O julgamento de Bolsonaro será retomado na sexta-feira (30), após ter a sessão suspensa no início da tarde de hoje. O ex-presidente enfrenta o risco de perder seus direitos políticos com três ministros já tendo votado a favor dessa decisão. O único ministro a votar contra até o momento foi Raul Araújo. Moraes é um dos três juízes que ainda precisa votar, ao lado dos ministros Cármen Lúcia e Kassio Nunes Marques —este último indicado por Bolsonaro.
Com um placar atual de 3 a 1, apenas mais um voto contra Bolsonaro seria suficiente para definir a maioria em favor de sua inelegibilidade. Contudo, Bolsonaro parece otimista: “Não acabou o jogo ainda, vamos esperar”.
Durante a sessão suspensa, Bolsonaro passou a tarde na casa do filho Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador pelo Rio de Janeiro. O ex-presidente revelou que não acompanhou o julgamento ao vivo, mas que revisou um resumo dos votos. Ele demonstrou indignação com a acusação de que interferiu no resultado das eleições, questionando a lógica do argumento. “Se eu interferir, eu tinha que ter ganho, né?” Bolsonaro comentou.
Bolsonaro deixou claro que não gostaria de se tornar inelegível e expressou o desejo de continuar a concorrer a cargos públicos no futuro, inclusive ao Senado. “Não gostaria de deixar de ser elegível, nem que venha ser vereador no Rio de Janeiro. Eu quero é participar”, disse Bolsonaro, que acrescentou: “Posso no futuro, caso seja elegível, disputar ao Senado, com muita chance de ir para aquela Casa.”
O ex-presidente parece se sentir injustiçado pelo julgamento e questiona a acusação de abuso de poder político. A possibilidade de inelegibilidade certamente seria um golpe significativo para seus planos políticos futuros. No entanto, as palavras de Bolsonaro indicam que, independente do resultado no TSE, ele não pretende se afastar da política.