Uma sessão crucial no Senado Federal foi derrubada por parlamentares bolsonaristas que associaram Igor Roque, indicado pelo presidente Lula para a chefia da Defensoria Pública da União (DPU), à questão do aborto. A movimentação política ocorreu em um contexto de desgaste após o anúncio de um seminário sobre aborto legal pela DPU.
Causa do desgaste
O seminário, que estava em planejamento desde abril, foi o estopim para parlamentares bolsonaristas engrossarem a relação entre Igor Roque e o tema do aborto. Em resposta à controvérsia, a DPU decidiu cancelar o seminário “para retomar a discussão em evento futuro, a ser organizado com a presença de especialistas com visões antagônicas sobre o tema, tornando o debate mais plural”, informa uma nota oficial da instituição.
Cronologia de indicações
Segundo informações da Folha de São Paulo, a situação delicada no comando da DPU começou ainda em novembro do ano passado. Na época, o presidente Jair Bolsonaro indicou para recondução Daniel Macedo, então defensor público-geral e evangélico. A indicação de Igor Roque veio meses depois e, após ser sabatinado e aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado em julho, a votação para confirmá-lo no plenário da Casa vem sendo postergada devido ao risco de derrota.
Sem participação na organização do seminário
A Defensoria Pública da União afirma que o “seminário estava sendo organizado desde abril pelo Grupo de Trabalho Mulheres (um dos 16 grupos em funcionamento dentro da DPU), sem qualquer participação de Roque ou do defensor público-geral em exercício, Fernando Mauro Junior”.