A Polícia Federal vai indiciar nesta terça-feira (1º) o ex-ministro José Dirceu por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras revelado pela Operação Lava Jato. Condenado no processo do mensalão, pelo qual cumpria prisão domiciliar, o ex-chefe da Casa Civil do governo Lula será indiciado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Além de apontar o recebimento de propinas por meio de falsas consultorias prestadas a empresas com contratos com a Petrobras, por meio de sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, o indiciamento de Dirceu estende as frentes de investigação da Lava Jato para outros setores, como o caso do contrato da Consist Software, no âmbito do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a partir de 2010.
Nesta segunda (31), Dirceu foi um dos cinco investigados que estão presos em Curitiba convocados a depor na CPI da Petrobras. Por orientação de seus defensores, todos optaram por não responder às perguntas dos parlamentares.
O ex-ministro está preso preventivamente na capital paranaense – sede das investigações da Lava Jato – desde 3 de agosto. O indiciamento pelo delegado da PF Márcio Adriano Anselmo serve como base para o Ministério Público Federal apresentar ainda esta semana denúncia contra Dirceu, que é considerado pela força-tarefa da Lava Jato um dos líderes dentro do núcleo político do esquema envolvendo a estatal.
O advogado de defesa, Roberto Podval, disse que não o surpreende o indiciamento de José Dirceu pela PF. "O indiciamento é natural, surpreenderia se fosse o contrário. Ele está preso há praticamente um mês, não teria o menor sentido a Polícia Federal entender a essa altura que não há indícios de crime." Para Podval, "o próprio pedido de prisão preventiva já é uma declaração de que, para os olhos da Polícia, há indícios". O advogado destaca que mantém a linha de defesa com relação aos crimes imputados a Dirceu. "Não há qualquer ato ilícito da parte dele, não recebeu propinas em momento algum. Pela JD Assessoria e Consultoria efetivamente prestou serviços às empresas que o contrataram."