O ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, anunciou nesta sexta-feira (26), durante coletiva de imprensa, que três vacinas criadas no Brasil entrarão na fase de testes clínicos nos próximos dias. Ao lado do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, Pontes defendeu que a criação de vacinas nacionais é uma questão de soberania e preparo para outras pandemias futuras.
“A gente vai ter outras pandemias, infelizmente, então vamos ter a tecnologia para criar vacinas. E é uma questão de soberania, nós vimos a dificuldade que é importar vacinas durante essa pandemia“, afirmou o ministro.
A fala dos ministros ocorreu um dia depois do Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, anunciar a criação de uma vacina com tecnologia própria com a qual pediria o início dos testes em humanos à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Nenhum dos dois ministros citou esta vacina durante a entrevista.
Pontes não entrou em detalhes sobre as instituições que desenvolviam as três vacinas mas a Anvisa e o ministério de Ciência e Tecnologia confirmaram que a vacina Versamune, criada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo), em parceria com a Farmacore Biotecnologia e a empresa estrangeira PDS Biotechnology Corporation, já tem o pedido oficial para início dos testes clínicos.
“Segundo os procedimentos da Anvisa, a análise considerará a proposta do estudo, o número de participantes e os dados de segurança obtidos até o momento nos estudos pré-clínicos que são realizados em laboratório e animais“, disse a Anvisa sobre o pedido.
O ministério da Ciência e Tecnologia, por sua vez, afirmou que os testes clínicos desta vacina serão realizados nos Estados Unidos e no Brasil, com a Farmacore liderando os esforços regulatórios e de ensaios clínicos nacionais.
Ainda de acordo com o ministro Marcos Pontes, o processo de criação destes imunizantes começou no ano passado, com quinze tecnologias diferentes escolhidas. Destas, três avançaram dos testes com animais para os testes clínicos, onde a segurança e eficácia da vacina em humanos é avaliada.
Além da Versamune, os outros dois imunizantes mais promissores que o governo espera vêm do projeto CT Vacinas, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), e da própria iniciativa do Ministério de Ciência e Tecnologia para assessoramento de vacinas nacionais, chamada de RedeVírus MCTI, em projeto que é coordenado pelo médico Jorge Kalil.
Em sua fala, o ministro da Sáude, Marcelo Queiroga, reiterou a preocupação de Pontes do Brasil ter uma produção nacional de vacinas, sem depender da importação. Ele também voltou a defender o distanciamento social e o uso de máscaras. “O Brasil não é a pátria de chuteiras, e sim a pátria de máscaras“, disse.
Queiroga afirmou que o Brasil já têm mais 500 milhões de doses vacinas já contratadas, mas admitiu que o ritmo de vacinação ainda não é o ideal, considerando a capacidade de imunização do país. Ele também voltou a prometer que o governo vai atingir a meta de vacinar um milhão de pessoas por dia no começo de abril deste ano.