Preços do gás: Apesar da redução de 40% no preço do gás nas refinarias, consumidores enfrentam queda de apenas 8%

Desproporção entre redução nas refinarias e preço ao consumidor final causa preocupações.

QUEDA NAS REFINARIAS, IMPACTO LIMITADO AOS CONSUMIDORES

Em um cenário ideal, a queda de 40% no preço do gás de cozinha nas refinarias – de quase R$ 55 reais para R$ 32,96, conforme as distribuidoras pagavam à Petrobras pelo botijão de 13 kg no último ano – seria uma ótima notícia para os consumidores. Contudo, na prática, o alívio no bolso dos brasileiros que dependem do produto para suas necessidades diárias tem sido bem mais moderado.

Embora a redução dos preços também tenha chegado aos consumidores finais, a queda foi de apenas 8% no preço médio do botijão, que passou de R$ 112,50 para R$ 103,55 no mesmo período. Tal discrepância aponta para uma significativa desproporção entre a redução de custos nas refinarias e o valor que efetivamente chega aos consumidores.

A dona de casa Luciana Tavares exemplifica essa situação. Apesar de notar uma pequena redução no preço – o botijão que costumava pagar R$ 105, agora custa R$ 100 -, o valor continua pesando no orçamento familiar, especialmente para quem, como ela, enfrenta o desemprego e cuida de um marido doente em casa.

O DESMEMBRAMENTO DO PREÇO DO BOTIJÃO

Segundo dados da Petrobras, o preço cobrado pela estatal compõe apenas 31,8% do valor final do botijão; os impostos representam 15%; e mais da metade do valor é atribuída à distribuição e revenda.

Isso levou a Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça, a notificar o Sindigás, sindicato que representa as distribuidoras, para esclarecer os preços praticados. Segundo o governo, as distribuidoras e revendedoras de gás de cozinha não estão repassando a queda dos preços aos consumidores na mesma proporção.

O Sindigás, em sua defesa, ressaltou que representa empresas que operam em um ambiente de livre concorrência e que não mantém qualquer relação com as mais de 60 mil revendedoras do produto. No entanto, o secretário Wadih Damos considerou a resposta insuficiente, destacando que o governo estuda a possibilidade de multar as distribuidoras caso seja comprovado que estão praticando preços abusivos.

O IMPACTO PARA OS MENOS FAVORECIDOS

Os altos preços do gás de cozinha impactam de maneira mais severa as camadas mais pobres da população. “Para um pobre, o gás barato não está. Porque já foi mais barato, agora está muito caro. Para um pobre está caro”, conclui Luciana Tavares.

Enquanto o desequilíbrio entre a queda dos preços nas refinarias e a redução sentida pelos consumidores persiste, as famílias mais vulneráveis continuam a sentir o impacto no orçamento familiar. Os próximos passos do governo e do Sindigás serão cruciais para determinar se essa tendência continuará, ou se alguma medida será tomada para garantir uma repartição mais justa dos custos do gás de cozinha.