Um dilema entre tradição e progresso divide opiniões na “Capital do Requeijão”. Em Santa Bárbara, município baiano com pouco mais de 21 mil habitantes, o tradicional São João de 2025 não acontecerá. No lugar da festa junina, um projeto industrial que promete transformar a economia local. A decisão do prefeito pôs em lados opostos aqueles que defendem a preservação cultural e os que priorizam o desenvolvimento econômico da região.
Edifrâncio de Jesus Oliveira (PSD) anunciou o cancelamento da tradicional festa de pré-São João para destinar aproximadamente R$ 3 milhões à compra de um terreno às margens da BR-116. O espaço receberá um Parque Industrial que, segundo o gestor, já tem uma empresa confirmada e promete gerar cerca de 400 novos postos de trabalho diretos na pequena cidade.
“Se eu comprar a área industrial da cidade, não tenho condição de fazer o São João. E se eu fizer o São João, não tenho condição de pagar o Polo Industrial de Santa Bárbara, que trará o crescimento e desenvolvimento para nossa cidade”, explicou o prefeito em pronunciamento oficial nas redes sociais da prefeitura.
A decisão ocorre em um momento estratégico para Santa Bárbara, localizada a aproximadamente 35 km de Feira de Santana, onde a geração de empregos para os jovens tem sido uma demanda crescente. “Queremos evitar que a juventude saia da cidade em busca de oportunidades em outras localidades”, afirmou o gestor municipal.
No ano passado, o São João Antecipado de Santa Bárbara aconteceu entre 14 e 16 de junho e contou com apresentações de artistas como Flávio José, Peruanno, Cacau com Leite e Toque Dez, além de atrações locais que se apresentaram nos dois palcos do evento. A celebração foi realizada pela Secretaria Municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, com apoio da Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado da Bahia (Sufotur).
Entre os barbarenses, como são conhecidos os moradores da cidade, as reações à decisão se dividem. “Festa tem em qualquer hora ou quando pode, vamos pensar principalmente no povo que mais precisa. Essa escolha foi bem pensada, só quem ganha é o povo”, apoiou uma moradora nos comentários das redes sociais.
Por outro lado, cidadãos expressam preocupação com o abandono da tradição junina. “Mas essa é a única forma de conseguir recursos, adiando a única tradição de renome na cidade?”, questionou outro. “Salientando que a festa também gera emprego e renda. Ele poderia fazer uma festa com baixo orçamento, ou seja, bandas menos expressivas”, ponderou um terceiro morador.
Edifrâncio, primeiro prefeito reeleito na história de Santa Bárbara, garantiu que outros eventos tradicionais serão mantidos ao longo do ano. “Em compensação, farei o Festival de Romeu e Julieta em setembro, a emancipação política da cidade em dezembro e a Copa Rural que circula os 90 dias nos quatro cantos do município”, assegurou.
“Sei que é um momento de decisão difícil para o comércio, para a juventude, mas o que eu pensei nesse momento foi o progresso de Santa Barbara”, declarou o prefeito, acrescentando que o terreno a ser adquirido tem grande potencial para atrair novas empresas devido à sua localização estratégica.
O gestor finalizou com uma promessa para o futuro: “Nos próximos anos, faremos o melhor São João da história de Santa Bárbara”, sugerindo que a medida seria temporária e focada no desenvolvimento a longo prazo do município conhecido pela produção de requeijão.