Presos durante os eventos do dia 8 de Janeiro confirmaram às autoridades suas intenções golpistas. Essas revelações vieram à tona a partir de depoimentos dados à Polícia Civil do Distrito Federal e lançam luz sobre os eventos que culminaram na invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes em Brasília.
Depoimentos revelam detalhes
Os depoimentos, divulgados pelo Metrópoles, evidenciam a intenção golpista do acampamento formado em frente ao Quartel-General do Exército. Uma das narrativas mais alarmantes é a da pensionista Ana Elza Pereira da Silva, que foi presa em flagrante no Palácio do Planalto.
Segundo ela, a liderança do acampamento a enganou sobre a natureza da manifestação. Ana Elza revelou que a orientação inicial dada era de que aquela seria apenas uma passeata, mas a realidade mostrou-se muito diferente. O golpe de fato, disse ela, estava programado para o dia seguinte, 9 de janeiro, com a chegada de representantes do agronegócio e caminhoneiros para invadir e tomar o controle dos Três Poderes.
“(…) Uma das responsáveis no QG por falar ao microfone disse que seria apenas uma passeata no dia de hoje [8/1], pois amanhã haveria, com a chegada de pessoas do agronegócio e dos caminhoneiros, a invasão e tomada dos Três Poderes”, declarou.
A pensionista identificou a figura que transmitiu essa mensagem como “Ana Priscila”. Essa parece ser uma referência a Ana Priscila Azevedo, apontada como uma das líderes do acampamento, que foi presa dois dias após a invasão.
A motivação
Além de Ana Elza, outros detidos também confessaram suas intenções golpistas. A desempregada Vildete Ferreira da Silva, declarou que deixou o “quartel de São Paulo” com o objetivo de depor o governo federal. Cibele da Piedade Ribeiro da Costa Mateos, uma professora, admitiu que viajou a Brasília com o objetivo de ocupar os prédios públicos e esperar uma intervenção militar para impedir a governança de Lula.
O sentimento anti-governo é uma constante nas declarações dos presos. Gisele do Rocio Bejes, outra professora, confirmou que invadiu prédios públicos após receber orientações no movimento para ocupar os espaços.
Enquanto isso, a vendedora Ines Izabel Pereira, embora não conseguisse identificar o Palácio do Planalto, declarou que estava lá “para fazer volume na multidão”. Ela acreditava que, se houvesse uma grande concentração de pessoas dentro do prédio, teriam o apoio do Exército para evitar a instalação do comunismo no Brasil.
Estes depoimentos evidenciam a gravidade da situação e a profundidade das intenções golpistas dos envolvidos. A investigação continua, com esperanças de evitar futuros casos semelhantes.