Resistência no Planalto: Janja e Lula enfrentam pressões do centrão

Primeira-dama endossa o papel do Ministério do Desenvolvimento Social, principal alvo do centrão

A primeira-dama Rosângela da Silva, também conhecida como Janja, tomou uma posição firme frente à pressão política que o Centrão tem exercido sobre o presidente Lula (PT). Em um vídeo gravado ao lado do Ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, Janja descreveu a pasta que administra o Bolsa Família como o “coração do governo”.

A mensagem, divulgada na última sexta-feira, soou como uma defesa do ministério em resposta à pressão do Centrão, liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Lira e o bloco têm pressionado por uma reforma ministerial mais ampla, pleiteando, dentre outras coisas, o cargo de Dias.

“Estou aqui no MDS e esse é o coração do governo. O presidente Lula fala que a população mais pobre do Brasil é a prioridade desse governo. Então, o Ministério do Desenvolvimento Social é que atende. As políticas públicas feitas para essa população acontecem e são pensadas aqui com essa equipe maravilhosa”, afirmou a primeira-dama.

As críticas em relação a Dias têm aumentado no Planalto, principalmente por causa da insatisfação com a baixa quantidade de pautas positivas para o governo. No Congresso, o ministro também tem enfrentado resistência, uma vez que ainda não liberou as emendas tão cobiçadas pelo Centrão.

O Ministério do Desenvolvimento Social tem um orçamento de R$ 276 bilhões, maior que os de Saúde e Educação. Além disso, é responsável pela administração do programa Bolsa Família, uma das principais vitrines do governo Lula.

Apesar das críticas e da pressão, Lula tem resistido à ideia de ceder o controle sobre o Bolsa Família ao Centrão. Quando questionado sobre a demanda por uma reforma ministerial mais ampla, o presidente declarou na última quinta-feira (6) que “não é a pessoa que quer vir para o governo que escolhe o cargo, quem escolhe o cargo é o governo”.

Ele também reforçou a ideia de que os ministérios são propriedade do governo, e não dos partidos. “Não é o partido que é dono do ministério, é o governo que é dono do ministério. A escolha é do governo“, disse o presidente em entrevista ao SBT.

Além de lidar com a pressão do Centrão, o presidente tem expressado aos seus auxiliares a necessidade de Dias estar mais focado e apresentar mais pautas positivas. Lula esperava que a pasta fosse celeiro de anúncios benéficos para a imagem do governo, o que ainda não aconteceu até o momento.