A Secretaria da Educação da Bahia (SEC) pleiteia junto ao governador Rui Costa (PT) que os professores e servidores da pasta sejam incluídos no grupo de prioridade para a vacinação contra a Covid-19. De acordo com o secretário Jerônimo Rodrigues, cabe ao chefe do Executivo a decisão e definição, junto com a Secretaria da Saúde (Sesab), dos grupos prioritários.
“Estamos pautando com o governador a possibilidade dos profissionais da educação [serem incluídos], se houver condições”, disse ao BN nesta terça-feira (5).
O Brasil ainda não aprovou e autorizou o uso de nenhuma vacina. Por aqui há apenas promessas e expectativas sobre a imunização, que já começou em outros países. Em meados de dezembro o governo federal apresentou, em cerimônia no Palácio do Planalto, o Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19 (lembre aqui). A estratégia esbarra em incertezas na aquisição de vacinas e de itens essenciais como agulhas e seringas (saiba mais aqui e aqui). Além disso, não define datas para início da campanha.
Mas o plano nacional prevê a vacinação em quatro etapas. De acordo com o cronograma do governo federal, a imunização deve ser iniciada no mês de março. Na primeira fase o público-alvo são trabalhadores da saúde; os idosos com idade a partir dos 75 anos; as pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência (como asilos e instituições psiquiátricas); e população indígena. A segunda fase contempla as pessoas de 60 a 74 anos. E na terceira fase os portadores de comorbidades. Essas pessoas são consideradas grupo de risco e são as que mais evoluem para os estágios mais graves da doença.
Na previsão nacional os professores estão na quarta fase, ao lado das forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e população privada de liberdade.
Jerônimo Rodrigues destacou que a Bahia tem uma quantidade grande de professores com idade acima de 60 anos, que, portanto, já “subiriam” na fila pela vacinação. “Temos também uma quantidade de funcionários, não só professores, que têm comorbidades. Beiramos com esses dois números a de 20% a 30% do total”, sinalizou o titular da SEC.
“Nesse caso há de se considerar, mas o governador e a Sesab vão avaliar, porque é um grupo prioritário”, defendeu.
O secretário da Educação ressaltou que “a ideia é comprar [vacinas] pra toda a população”, mas que isso está além da competência do governo estadual e “depende muito do governo federal”. O Ministério da Saúde já ressaltou que não há perspectiva de vacinar toda a população até o fim de 2021.
A grande aposta do governo brasileiro é na vacina desenvolvida pela farmacêutica Astrazeneca em parceria com a Universidade de Oxford. O imunizante foi aprovado e já está em uso na população do Reino Unido. Nesta semana a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a autorizou a importação excepcional de doses do imunizante pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A notícia foi avaliada positivamente pela comunidade científica, que classifica como “um importante passo para o Brasil” (leia mais aqui).
Alheia à situação nacional, a Bahia se antecipou e adquiriu 16 milhões de seringas e agulhas e está em processo de aquisição de outros 14 milhões kits
A Bahia tem um único acordo de cooperação, que é com o Fundo Soberano da Rússia (RDIF) para o fornecimento de até 50 milhões de doses da vacina russa Sputnik V. O acordo permitirá que o estado, por meio da Bahiafarma, comercialize a vacina em território brasileiro, desde que aprovada pelos órgãos reguladores do Brasil (reveja aqui). O fabricante russo está em contato direto com as entidades nacionais a fim de validar a vacina no Brasil.
Válida desde 18 de março de 2020, a interrupção das atividades nas escolas públicas e privadas na Bahia foi uma das primeiras medidas adotadas pelo governo estadual no combate à pandemia da Covid-19 e segue sem data para acabar.
O titular da SEC concedeu entrevista nesta terça-feira (5) em que reconheceu que o desejo de todos é que as aulas sejam retomadas, mas que no momento a avaliação da gestão é de que ainda não há condições para que isso ocorra. Isso porquê a Bahia, assim como outros estados brasileiros, lida com uma nova escalada nos casos, com aumento na ocupação de leitos e mortes pela infecção. A situação está sendo vivenciada também em outros países.
“Estamos ansiosos, o que falta são condições de segurança para garantir a saúde das pessoas”, afirmou. O secretário argumentou sobre a decisão citando a situação enfrentada principalmente no interior do estado. “Não tem leito de UTI, como a gente na Bahia vai botar mais 4,5 milhões de pessoas nas escolas, entre professores, alunos, funcionários, da rede privada e pública, estadual e municipal?”, questionou ao citar cidades como Vitória da Conquista e Feira de Santana