Nesta segunda-feira (8/5), Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, enfrentará seu terceiro depoimento à Polícia Federal (PF) desde sua prisão há mais de 110 dias. Diferentemente das vezes anteriores, ele decidiu quebrar o silêncio e responderá às perguntas feitas pelos investigadores.
O depoimento focará na operação coordenada por Torres durante o segundo turno das eleições de 2022. A suspeita é de que o ex-ministro da Justiça tenha ordenado bloqueios nas rodovias, principalmente na Região Nordeste, com o objetivo de prejudicar o trânsito de eleitores do então candidato e atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
A defesa de Torres apresentará argumentos de que as ações ocorreram em todo o território nacional, sem direcionamento eleitoral. Além disso, esclarecerá que o mapeamento realizado incluiu ambos os candidatos, Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A viagem de Torres à Bahia, pouco antes do segundo turno, também será abordada pelos investigadores, que suspeitam de possíveis orientações à PF e à PRF sobre bloqueios no estado. Ele afirmará que a visita ocorreu devido a um convite do então diretor-geral da PF, Márcio Nunes.
Torres já prestou depoimento à PF em janeiro e fevereiro deste ano, mas optou por permanecer em silêncio na primeira ocasião e comentou brevemente sobre documentos apócrifos encontrados em sua residência no segundo depoimento.
Recentemente, senadores visitaram Torres na prisão para averiguar seu estado de saúde e oferecer apoio moral. De acordo com o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), Torres está abatido, mas afirma ter consciência tranquila e estar disposto a esclarecer os fatos.
Anderson Torres é mantido em custódia desde 14 de janeiro, sob suspeita de omissão e falhas no planejamento de segurança do Distrito Federal. Na época dos atos golpistas de 8 de janeiro, ele ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e estava em viagem aos Estados Unidos com a família.