Tudo começou com um comentário aparentemente inofensivo, mas rapidamente se transformou em uma controvérsia que dividiu opiniões em Paulo Afonso. A vereadora Evinha acusou nesta quarta-feira (19) a página @pauloafonsocomoeuvejo de machismo após uma resposta considerada ofensiva no Instagram. O episódio ganhou força nas redes sociais e se tornou um dos assuntos mais comentados na cidade.
A polêmica teve início quando a página criticou publicamente a atuação da parlamentar, afirmando que ela estaria “fazendo mídia” ao plantar mudas de árvores. Em resposta, Evinha convidou o administrador do perfil a participar da ação ambiental. A reação do perfil foi imediata e ácida: “Pegue as mudas e sabe o que fazer”.
A frase repercutiu negativamente entre apoiadores da vereadora, que interpretaram a resposta como uma tentativa de desqualificar sua atuação política por ser mulher. Em vídeo publicado nas redes sociais, Evinha rebateu: “Machismo não é piada. Comentários que tentam desqualificar mulheres no espaço público são reflexo de uma cultura que precisa mudar. O silêncio normaliza, mas eu escolho expor e repudiar”1.
Rapidamente, o caso ganhou proporções maiores e chegou até a Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres e Cidadania, que divulgou nota oficial repudiando atitudes misóginas e qualquer forma de discriminação de gênero1.
Do outro lado, o administrador da página negou qualquer intenção machista ou discriminatória. Em nova postagem, ele afirmou que sua resposta foi apenas uma brincadeira comum e não direcionada especificamente à vereadora por ser mulher. “Claro que foi em tom de piada, que eu faria pra qualquer pessoa, seja homem ou mulher”, declarou o perfil @pauloafonsocomoeuvejo1.
Em meio à repercussão, a página levantou críticas contundentes contra vereadores locais, acusando-os de oportunismo político e falta de respeito ao dinheiro público. O administrador afirmou ainda ser vítima de tentativas anteriores de censura por parte de políticos locais, mencionando inclusive uma ação da Polícia Federal em sua residência após denúncia por supostas fake news.
O caso gerou intenso debate sobre os limites da crítica política nas redes sociais e sobre como comentários podem reproduzir preconceitos estruturais contra mulheres na política. Segundo dados recentes do NetLab (Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais), somente nos dois primeiros meses deste ano foram identificadas mais de 1.500 publicações problemáticas contra mulheres nas plataformas digitais brasileiras6.
Enquanto isso, a discussão continua fervilhando nas redes sociais locais. De um lado estão os defensores da vereadora Evinha, que pedem respeito à participação feminina na política; do outro, apoiadores da página defendem o direito à crítica livre aos políticos locais.
Até o momento não há informações sobre possíveis medidas judiciais ou administrativas por parte das autoridades locais ou dos envolvidos diretamente no episódio.