A paixão provoca mudanças significativas no cérebro, impactando não apenas o estado emocional, mas também o físico dos apaixonados. Isso se reflete em sintomas como aceleração dos batimentos cardíacos e a famosa sensação de ‘borboletas no estômago’. Os apaixonados frequentemente relatam alterações no sono e no apetite, além de reações fisiológicas como sudorese nas mãos e pensamentos persistentes sobre seu parceiro.
O papel da dopamina e outros hormônios
Estudos conduzidos pela antropóloga americana Helen Fischer na State University of New York revelaram que a paixão está intimamente ligada a três substâncias químicas: dopamina, norepinefrina e serotonina. A dopamina, em especial, é considerada a principal responsável pela sensação de prazer e pelo intenso desejo de estar próximo de alguém. “Elevados níveis de dopamina produzem uma atenção concentrada num objeto, bem como uma motivação e comportamento direcionado a um fim”, explica Maria Borges, professora da UFSC.
Além do hiperfoco, a dopamina, ao reduzir a atividade do córtex pré-frontal, influencia a capacidade de percepção das falhas do parceiro. Nessa fase do amor, reconhecer os defeitos do outro raramente acontece, o que dá margem para que a paixão seja vista como algo “cegante”.
Efeitos psicológicos e comportamentais
A norepinefrina contribui para o aumento da energia e vitalidade do apaixonado, fazendo com que atividades cotidianas sejam encaradas com entusiasmo. Por outro lado, a serotonina apresenta um efeito adverso. Sua diminuição está associada a comportamentos obsessivos e à dificuldade em lidar com a rejeição, o que pode se assemelhar a transtornos obsessivos compulsivos.
Pesquisas indicam que o amor romântico pode ser comparado a um vício, pois gera euforia e sintomas semelhantes aos de dependência. “Indivíduos no estágio inicial de um amor romântico intenso apresentam muitos sintomas de vícios em substâncias”, apontam os pesquisadores.
A importância do autoconhecimento
O amor, ao longo dos milênios, evoluiu como um mecanismo essencial para a perpetuação da espécie humana. Esse fenômeno, considerado muitas vezes positivo, ressalta a necessidade de compreender suas nuances. Para aqueles que buscam manter o autocontrole diante da paixão, o investimento em autoconhecimento e inteligência emocional pode ser uma estratégia valiosa.

