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    Saúde

    Preconceito dificulta rastreio de câncer em pessoas trans

    O preconceito enfrentado por pessoas trans dificulta o diagnóstico e tratamento de câncer, como revela a história de Erick Venceslau.

    17/11/2025 às 23:18

    O preconceito contra pessoas trans dificulta o rastreio e tratamento de câncer, como ilustra o caso de Erick Venceslau, um analista de mídias sociais que, após ser diagnosticado com câncer de mama, decidiu assumir sua identidade como homem trans. O diagnóstico, considerado um dos tipos mais agressivos, veio em um momento de grande transformação na vida de Erick, que enfrentava internamente suas questões de identidade.

    Erick, que se mudou para outro estado e retomou a psicoterapia, revelou que sempre teve receios em procurar atendimento médico, pela falta de acolhimento e preconceitos enfrentados. “O sistema não está preparado para a comunidade LGBTQIA+. A gente é excluído desses espaços, porque não existe um letramento dos profissionais”, afirmou. Esse distanciamento dos serviços de saúde é um reflexo de experiências traumáticas que ele e outros amigos trans vivenciaram.

    A presidente regional da Sociedade Brasileira de Mastologia no Rio de Janeiro, Maria Julia Calas, aponta que o estigma que permeia essa população se reflete nas dificuldades de acesso ao cuidado. “Eles sofrem preconceitos por todos, desde o segurança até o profissional da área de saúde”, disse. Esta realidade gera uma aversão ao consultório médico, dificultando diagnósticos precoces e prevenções adequadas.

    Para enfrentar essa situação, Maria Julia organizou um guia oncológico para pacientes LGBTQIAPN+, que será lançado neste mês, em parceria com a oncologista Sabrina Chagas. A iniciativa tem como objetivo informar sobre especificidades de saúde que envolvem gênero e etnia, áreas frequentemente negligenciadas no atendimento oncológico. “Existem lacunas significativas no cuidado de populações historicamente marginalizadas”, complementou Sabrina.

    Além de impulsionar novas diretrizes para o rastreio de câncer na população trans, a Sociedade Brasileira de Mastologia planeja lançar um documento no início do próximo ano, visando melhorar o atendimento. Ambas especialistas destacam a importância de um tratamento acolhedor que respeite a identidade de gênero, fator fundamental para garantir que as pessoas procurem ajuda médica e realizem os exames necessários.