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    Cientistas criam Gelo XXI, nova fase do gelo sob pressão extrema

    Cientistas desenvolvem Gelo XXI, uma nova fase do gelo gerada sob pressão extrema, com implicações para a astrobiologia e a estrutura cristalina.

    09/11/2025 às 00:28

    Cientistas de diversas nacionalidades, liderados por pesquisadores do Instituto Coreano de Pesquisa em Padrões e Ciência (KRISS), anunciaram a criação de uma nova estrutura sólida de gelo, denominada Gelo XXI. Essa forma inovadora de gelo pode ser gerada à temperatura ambiente, mas requer condições de pressão extremamente elevadas para sua formação. Os detalhes dessa descoberta foram publicados na renomada revista científica Nature Materials.

    A produção convencional de gelo envolve o resfriamento da água líquida abaixo de 0ºC em condições de pressão atmosférica padrão. Contudo, a nova pesquisa revela que ao manipular tanto a pressão quanto a temperatura, as moléculas de água podem ser reorganizadas, criando diferentes fases de gelo bem acima do ponto de congelamento habitual. Com esta adição, a lista de fases conhecidas de gelo chega a 21.

    O Gelo XXI demonstra uma estrutura cristalina altamente peculiar, formada sob uma pressão de 2 gigapascals (GPa), equivalente a quase 20.000 vezes a pressão ao nível do mar. Essa pressão é significativamente maior do que a encontrada nas profundezas da fossa oceânica mais profunda. O novo gelo se caracteriza por uma célula unitária complexa, que é a menor unidade repetitiva da rede cristalina, resultando em uma configuração retangular achatada.

    A criação do Gelo XXI foi viabilizada por um equipamento inovador, a célula de bigorna de diamante dinâmica (dDAC), que comprime a água quase que instantaneamente, em um tempo de apenas 10 milissegundos. Este método minimiza o choque mecânico e foi crucial para forçar a água a assumir uma estrutura inédita, em comparação com as fases de gelo conhecidas até o momento.

    Embora o Gelo XXI possa parecer ter aplicações limitadas no cotidiano, sua relevância se torna clara quando se considera sua comparação com gelo encontrado em outros planetas. A densidade do novo gelo assemelha-se àquelas camadas de gelo de alta pressão que existem nas luas geladas de Júpiter e Saturno, o que pode fornecer pistas fundamentais sobre a busca por vida sob condições extremas no espaço, destacou a Dra. Lee Yun-Hee, coautora principal do estudo.