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    Keeta enfrenta protestos e investigações policiais em estreia no Brasil

    A estreia da Keeta no Brasil é marcada por queixas de entregadores e uma investigação policial sobre espionagem corporativa.

    12/11/2025 às 04:23

    A estreia do aplicativo de delivery Keeta no Brasil, que ocorreu no litoral paulista com uma operação-piloto em Santos e São Vicente, enfrentou uma série de complicações logo em seus primeiros dias. Com o investimento anunciado de R$ 5,6 bilhões, a empresa, controlada pela gigante chinesa Meituan, se apresenta como uma competidora ao iFood, que domina mais de 80% do mercado de entregas. No entanto, as primeiras semanas têm sido marcadas por reclamações de entregadores e protestos.

    Entre as principais queixas dos trabalhadores estão os pagamentos baixos, a falta de transparência na operação e a aplicação de bloqueios automáticos aos que recusam corridas. Imagens compartilhadas em grupos de WhatsApp pelos entregadores revelaram que até mesmo clientes insatisfeitos poderiam solicitar a suspensão de um entregador sem prévio aviso. Após o alvoroço, a Keeta anunciou que o recurso que permitia essa prática foi desativado.

    Os entregadores também criticaram o modelo de Operadores Logísticos (OLs) adotado pela Keeta, que contrata trabalhadores por meio de empresas terceirizadas, limitando suas condições de trabalho e remuneração. O Ministério Público do Trabalho classifica essa prática como uma forma de terceirização irregular, pois impõe metas e horários típicos de vínculos empregatícios sem garantir os direitos que a CLT prevê. A empresa, contudo, informou que 60% dos entregadores atuam de forma independente.

    Em meio a essa turbulência, a chegada da Keeta também provocou uma batalha judicial contra a 99Food. A Keeta acusou a concorrente de práticas de concorrência desleal ao firmar contratos de exclusividade com estabelecimentos, o que impediu que escolhessem operar com a nova empresa. Uma decisão recente do Tribunal de Justiça de São Paulo considerou essas cláusulas ilícitas e ordenou sua remoção.

    Além disso, a estreia da Keeta foi marcada por um episódio de espionagem corporativa, com a Polícia Civil de São Paulo investigando suspeitos que se passavam por funcionários do aplicativo para acessar informações confidenciais de restaurantes. A empresa negou envolvimento no caso e afirmou estar colaborando com as investigações.

    As repercussões das queixas dos entregadores, do embate legal envolvendo a 99Food e das investigações policiais ainda podem desdobrar novas ações e diretrizes no setor de delivery no Brasil.