A inteligência artificial (IA) já está presente na prática médica, deixando para trás o debate sobre sua implementação em favor de discussões acerca do uso seguro e ético dessa tecnologia. Especialistas, como o médico Charles Souleyman, diretor-executivo da Rede Total Care, enfatizam a importância de integrar a IA de forma responsável na medicina, considerando seu impacto na qualidade do atendimento ao paciente.
O aumento do uso de algoritmos em decisões clínicas levanta preocupações sobre a confiabilidade e a qualidade dessas ferramentas. Souleyman observou que, embora a IA possa acelerar o atendimento, o tratamento baseado em consultas superficiais pode comprometer o cuidado oferecido. Ele afirmou:
"“O resultado é uma consulta de péssima qualidade, com um agravante: provavelmente, será solicitado um número excessivo de exames”."
Para que a IA contribua efetivamente, é necessário que se baseie em dados robustos, evidenciando a importância da validação rigorosa dos algoritmos. Especialistas, como o urologista Carlos Sacomani, destacaram que muitos produtos são lançados sem comprovação suficiente, levando a uma falsa noção de precisão que pode ser prejudicial na área de saúde.
Além das bases de dados sólidas, a transparência sobre limitações e atualizações frequentes dos algoritmos são cruciais. A capacitação dos profissionais de saúde também foi apontada como uma prioridade, já que a formação acadêmica atual não inclui o preparo para o uso da IA. Souleyman comentou que é fundamental que médicos consigam fazer perguntas pertinentes e interpretar recomendações tecnológicas de forma crítica.
Apesar dos desafios, as ferramentas de IA têm o potencial de aprimorar a experiência do paciente, ajudando médicos a organizar informações e sugerir condutas de forma mais eficiente, sempre sob supervisão humana. As discussões do FISweek 2025 indicam que, para que a IA transforme de fato a medicina, é necessário estabelecer critérios claros e assegurar que os profissionais estejam prontos para uma integração ética e consciente.