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    Política

    COP30 em Belém: impasse sobre combustíveis fósseis persiste

    A COP30 em Belém termina sem consenso sobre o uso de combustíveis fósseis, com debates prometendo continuar neste fim de semana.

    22/11/2025 às 03:24

    A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, terminou no dia 21 de outubro, mas as discussões devem continuar pelo final de semana. A polêmica exclusão do trecho que abordava o fim do uso de combustíveis fósseis do rascunho do acordo final gerou indignação e evidenciou um impasse global entre interesses econômicos e a necessidade de ações para mitigar as mudanças climáticas.

    A União Europeia, entre outras lideranças políticas e ambientais, sinalizou seu descontentamento com o rascunho atual, prometendo vetá-lo caso alterações não sejam implementadas. Especialistas destacam que, embora a COP30 tenha trazido avanços em diversas áreas, a influência da indústria de combustíveis fósseis permaneceu como o principal obstáculo nas negociações.

    O físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo, enfatizou que a presença do tema combustíveis fósseis na agenda representa um progresso. Para ele, mais de 80 países estão pressionando pela reinclusão de metas relacionadas no texto final das negociações. "[O elefante] ficou desaparecido de quase todas as outras 29 COPs e agora ele está explícito em cima da mesa", afirmou.

    O climatologista Carlos Nobre, também da USP, ressaltou a importância de estabelecer metas para a eliminação dos combustíveis fósseis. Ele descreveu a ausência de menção a essa questão como uma "grande lacuna" nos debates. Nobre propôs uma redução significativa do uso de combustíveis até 2040 para evitar um colapso ecológico.

    Apesar dos desafios, a COP30 resultou em avanços, como o reforço do fundo TFFF, que recebeu investimentos substanciais para ajudar países em desenvolvimento na preservação de florestas. Outros aspectos positivos incluem o fortalecimento de mecanismos de financiamento para a transição energética, que embora ainda distantes de suas metas, indicam um crescimento necessário para a descarbonização.

    A urgência para ações efetivas é particularmente reconhecida em países tropicais como o Brasil, onde o aumento da temperatura pode ser drasticamente superior ao observado em outras regiões. Assim, enquanto o evento se aproxima de seu fechamento, as esperanças se concentram na necessidade de um acordo que inclua o fim dos combustíveis fósseis, um tema que promete domiar as discussões nas próximas horas.