O secretariado da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC) apresentou, nesta sexta-feira (21), uma nova versão do rascunho do acordo final da COP30, que exclui menções ao término do uso de combustíveis fósseis. O documento, que agora contém um anexo com 59 indicadores para a Meta Global de Adaptação (GGA), foi alterado em razão de pressões de países produtores de petróleo e carvão.
A proposta de um “mapa dos combustíveis fósseis”, defendida por várias nações, tinha como intenção estabelecer metas globais para a eliminação gradual desses combustíveis. Contudo, sua inserção no texto final tornou-se um ponto de discórdia, levando mais de 30 países a declarar que não assinarão o acordo se o tema não for reintroduzido.
Na véspera, países como Colômbia, França, Reino Unido e Alemanha enviaram uma carta ao governo brasileiro, expressando que “não podem apoiar um resultado que não inclua um roteiro justo, ordenado e equitativo para deixar os combustíveis fósseis para trás”. A exclusão do termo “transição para longe dos combustíveis fósseis” nos rascunhos foi criticada por entidades como o Observatório do Clima, que afirmaram que o texto carece de equilíbrio e não atende a demandas de 82 nações.
A ausência de diretrizes para a eliminação de combustíveis fósseis e desmatamento no Programa de Trabalho de Transição Justa (JTWP) foi atribuída à pressão de lobistas do setor fóssil, que contaram com a credencial de 1.602 representantes durante a conferência, o número mais alto já registrado.
A COP30, embora tecnicamente encerrando nesta sexta-feira, pode ter suas negociações prolongadas. O presidente do evento, André Corrêa do Lago, indicou que um incêndio no pavilhão na quinta (20) deixou a programação incerta e que as discussões poderão se estender após a data prevista. “As COPs geralmente se estendem além do previsto”, afirmou em entrevista à TV Brasil.